Quem é mãe sabe que ser mãe não é fácil. Desde as transformações no corpo, limitações e riscos durante a gestação, o parto, o puerpério, a criação de um ser humano ... cada fase do ‘ter um filho’ traz alegrias e dificuldades.
“Eu sou uma mulher adulta, sou servidora pública, consigo manter uma logística em casa, tenho uma rede de apoio familiar e ainda assim não é muito fácil ser mulher e mãe, imagina uma adolescente, ainda na escola, que vive em vulnerabilidade econômica e/ou social”, disse Aline de Jesus Sá, professora do IFS Campus Estância e coordenadora do projeto ‘Mulheres- meninas, Meninas-mulheres: a maternidade e suas interfaces’, aprovado no Edital Mulheres 2023. “Esse projeto foi, para mim, um chamado pessoal, como professora de Biologia, como mulher e como mãe”, disse.
A realidade de uma adolescente grávida não é fácil. “Muitas adolescente escondem a gravidez até onde for possível e, nisso, não fazem pré-natal e perdem um acompanhamento de saúde numa fase crucial e de extrema importância para ela e para o bebê”, comentou Shirleyde Dias do Nascimento, pedagoga do IFS Campus Estância e equipe técnica do projeto Mulheres-meninas. “Elas vivem situações de desamparo em casa, deixam a escola ou curso superior e muitas delas acabam não retomando os estudos após o nascimento do filho”, acrescentou.
Segundo as servidoras, não há um número oficial de quantas alunas gestantes há atualmente no IFS Campus Estância. “Que nós conhecemos, só no Integrado, há cerca de dez meninas grávidas e no ensino superior também temos alunas gestantes”, disse Shirleyde. “Também percebemos um número considerável de adolescentes grávidas na comunidade no entorno do campus”, pontuou a pedagoga.
E esta percepção é corroborada por dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, que apontou que cerca de 380 mil partos foram de mães com até 19 anos de idade em 2020, o que corresponde a 14% de todos os nascimentos no Brasil. Em 2019, essa proporção era de 14,7% e 15,5% em 2018. Segundo o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (CIDACS-Fiocruz), entre os nascidos vivos de mães adolescentes, em 2020, a maior concentração está nas regiões Norte (21,3%) e Nordeste (16,9%), seguido por Centro-Oeste (13,5%), Sudeste (11%) e Sul (10,5%).
Através de rodas de conversa, oficinas e palestras, o projeto Mulheres-meninas, Meninas-mulheres pretende tratar com o alunado e a comunidade do IFS Campus Estância desde a prevenção da gravidez na adolescência, passando pela gestação até a realidade da criação do bebê.
Segundo Aline, este projeto pretende ser um ponta-pé para uma ação continuada dentro do IFS Campus Estância, com atuação dentro e fora do campus. O Mulheres-meninas, Meninas mulheres vai acontecer em quatro etapas e começa amanhã, dia 4 de abril, com a divulgação ao longo dia em salas de aula. “Vamos também divulgar com a comunidade externa. Estamos tentando entrevistas em rádios locais e vamos entrar em contato com a rede municipal de ensino para ver se eles tem interesse em enviar seus alunos para participar”, disse.
A arte do projeto foi criada pela professora do IFS, Lorena Campello.