Durante dois dias, a educação federal do Brasil parou pelo fim dos cortes nos investimentos, contra o Future-se, pelo fim da perseguição e destruição do serviço público. Em Sergipe, a rede estadual de ensino também parou e somou suas reivindicações, como reajuste salarial e investimentos no setor.
No dia 2, as entidades sindicais e estudantis fizeram diversas atividades em suas instituições. No Sinasefe Sergipe, aconteceu o Mobiliza pela Educação. “Foi um dia inteiro com palestras, debates, arte e lazer para incentivar a luta, sem esquecer a saúde, o lúdico, o relaxamento, que são fundamentais para a qualidade de vida”, disse Guthiêrre Araújo, coordenador geral do Sinasefe Sergipe.
Nas discussões, entraram em pauta o Future-se, com a professora Elza Ferreira, professora do Instituto Federal de Sergipe (IFS); o neoconservadorismo, com Romero Venâncio, professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS); e assédio moral, com Meirivone Ferreira Aragão, advogada da Advocacia Operária.
“As palestras foram extremamente importantes para esclarecer os servidores. No caso da palestra sobre o Future-se, a professora Elza partiu dos pontos supostamente positivos do programa para contextualizar com a realidade da educação no país. A palestra de Romero demonstrou como a educação é vista como mercadoria e gera interesse de um setor religioso”, comentou Lu Silva, servidora do IFS Campus Estância.
Arte e ludicidade
A Companhia de Teatro Kaboca no Trombone trouxe a peça 'Brasil, quem te viu, quem te vê, uma opereta tragicômica de um país desgovernado' em duas apresentações, manhã e tarde. A peça traz um resumo da história política do país desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, passando pelos governos petistas, o golpe contra Dilma, a prisão de Lula, a eleição e os desmandos de Bolsonaro.
“Eu adorei o dia, as atividades, especialmente a peça, que trouxe a realidade de uma forma leve. Os atores são maravilhosos, o texto também. O Mobiliza foi nota mil”, disse Marcos Melo da Silva, servidor do IFS Campus Aracaju.
O Sinasefe Sergipe convidou entidades para participar do evento. A Casa das Domésticas trouxe os trabalhos de artesanato desenvolvidos na entidade com suas associadas. A CasAmor trouxe bandeiras, botons e camisetas pela causa LGBTQI+. As catadoras de mangaba trouxeram licores, doces e biscoitos produzidos com essa fruta tipicamente sergipana.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Sergipe (MTST Sergipe) trouxe a história de luta e produtos produzidos por eles. E o Coletivo Afronte trouxe diversos livros para venda.
O dia contou também com massoterapeuta, reiki, produtos fitoterápicos, aulões de dança e serviços de saúde, como checagem de glicemia, pressão arterial, entre outros. “As atividades culturais descontraíram e serviram para interação entre servidores dos diversos campi”, disse Lu Silva, servidora do IFS Campus Estância.
“O Mobiliza não só mobilizou, mas também integrou. O enfrentamento às políticas anti-cidadãs se deu com teatro, música, palestras, debates, caminhada ... A resistência Mobiliza se deu e se dará nas ruas, com educação, arte e política”, disse a professora Elza.
Ato unificado
No dia trabalhadores e estudantes das diversas redes de educação se uniram para um grande ato conjunto, na frente do Palácio de Despachos. Puxado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Sergipe (Sintese), o ato reuniu diversas entidades sindicais e outros setores da sociedade.
“A educação está abandonada em todas as suas esferas. É desvalorização do trabalhador, infraestrutura sem renovação, cortes de investimentos. Cada vez mais, o direito a uma educação pública, gratuita e de qualidade vem sendo destruído. Isso é um direito básico. É a educação que permite a transformação e a inclusão do cidadão, permite a ascensão social, o desenvolvimento como ser humano”, disse Ivonete Cruz, presidenta do Sintese.
“Nossos direitos, conquistados com suor e sangue, estão ameaçados. E a educação, que é a base de tudo, está sendo dilapidada. Isso é retrocesso, uma mácula na dignidade humana. Não podemos permitir que a educação seja destruída. É ela que garante o avanço da sociedade, tecnológica, na econômica e humanamente falando. A educação é a base de tudo e precisamos defendê-la”, reforçou Débora Lima, coordenadora geral do Sinasefe Sergipe.
Trabalhadores, trabalhadoras e estudantes seguem em alerta e mobilizados, porque a luta em defesa da educação ainda não acabou.