Ser, lutar, resistir!
Neste mês de Julho das Pretas, estamos conhecendo algumas filiadas do Sinasefe Sergipe que são personalidades marcantes da luta diária contra o racismo, o machismo e toda forma de exclusão. Hoje vamos conhecer Denice Batista da Silva.
“Eu me chamo Denice Batista da Silva, nasci em Porto da Folha, no alto sertão sergipano. Filha de José e Anunciada. Ele vigilante, ela professora. São meus esteios e exemplos de vida. Além da vida, me deram dois irmãos que são os laços de amor mais profundo que conheço!
Cursei todo o ensino fundamental na Escola Estadual Coronel Maynard Gomes. No início da década de 1990, migrei para capital sergipana para cursar o ensino médio.
Ao concluir o ciclo da educação básica, ingressei na Universidade Federal de Sergipe - UFS, onde cursei Pedagogia. Finalizada a graduação, fiz especialização em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade de Negócios de Sergipe - FANESE.
Dando continuidade aos estudos, retornei à UFS onde cursei o Mestrado em Educação. A formação acadêmica foi dividida entre estágios em sala de aula da rede de ensino pública de Sergipe e de Aracaju.
Como bolsista do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação - NEPA/DED/UFS, atuei como orientadora das classes de alfabetização de Jovens e Adultos em áreas de Acampamento e Assentamento de Reforma Agrária, e no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA.
Quero destacar que o meu primeiro emprego foi no Movimento de Educação de Base - MEB/Departamento de Propriá. Foi uma experiência profissional de muitos aprendizados, por meio da assessoria prestada pelo departamento ao Sindicato Rural de Propriá, à Associação de Moradoras/es e à Associação de Trabalhadoras/es na comunidade de Ladeirinhas em Japoatã, pois pude partilhar as lutas das/os trabalhadoras/es rurais, das mulheres e o desafio da formação de professoras/es.
A graduação em Pedagogia e as experiências vividas no NEPA, PRONERA e MEB foram experiências fundamentais para minha formação e atuação.
Sou servidora pública do Instituto Federal de Sergipe, ingressei em 2014. Atualmente, atuo como Pedagoga no IFS Campus Itabaiana e como Professora na Rede Estadual de Ensino de Sergipe, desde 2004.
Hoje, quando olho para trás, tenho a certeza que a nossa caminhada se faz a cada passo, tímido, com medo, com segurança, errando, acertando, ensinando e aprendendo.
É engraçado que nasci no sertão, em uma cidade com a população eminentemente branca e, mesmo sendo negra, só percebi que as/os negras/os na cidade eram poucas/os quando migrei e passei a viver em Aracaju.
Eu andava no transporte público e percebia que todas/os tinham a minha cor, então éramos iguais. E lá de onde eu vim, nós negras/os éramos as/os diferentes. Hoje sei quanto enraizado e cultural é o preconceito de cor.
A luta está presente em minha vida desde muito cedo. Gosto da caminhada que fiz, graças à ela me reconheço mulher, negra, trabalhadora com todas as conquistas e desafios que enfrentamos diariamente.
Sigo a caminhada construindo redes em defesa da educação pública, de políticas públicas para as mulheres, as juventudes, e por dias que esperançar, resistir e lutar sejam laços que nos movimentem para vivermos em um mundo mais justo.
#JulhoDasPretas #SinasefeSergipe