Em agosto de 2022, o SINASEFE reuniu, na cidade de Fortaleza, mulheres de todo o país no 3º Encontro Nacional de Mulheres do SINASEFE e até hoje ele reverbera em pensamentos e ações voltadas para a mulher. Um desses frutos é o podcast ‘Mexeram com todas’, que reúne relatos de situações de violência vividos por mulheres e é resultado de uma oficina de escrita realizada no Encontro, “A Escrita Terapêutica para Revelar e Combater a Violência de Gênero”, realizada pela professora aposentada do IFBA, escritora, poeta e artesã , Vera Passos.
“Minha ideia com a oficina foi estimular as mulheres a relatar situações de violência para que pudéssemos ter consciência do que havíamos sofrido. O machismo e a misoginia são tão estruturais que passamos por diversas situações de violência e não nos damos conta”, disse Vera.
Cada participante escreveu um relato de forma anônima. Vera então recolheu, misturou e distribuiu aleatoriamente no grupo e pediu que cada mulher ali lesse a história recebida e a gravasse, numa forma de gerar empatia, fortalecimento e até cura.
“Foram muitos depoimentos fortes que me deixaram inquieta. Eles não poderiam parar ali”, comentou Vera. “E a chegada do Dia Internacional da Mulher [comemorado em 8 de março] me deixou ainda mais inquieta. Eu já estou cansada de receber flor, chocolate, ‘parabéns’. E me veio a ideia de partilhar as histórias para o máximo de pessoas que eu pudesse”, acrescentou.
E foi assim que surgiu o podcast ‘Mexeram com Todas’. O objetivo é encorajar mulheres a tomarem consciência dos acontecimentos em que foram desrespeitadas apenas por serem mulheres em um ambiente de machismo estrutural, para que a partir de seus relatos, possam buscar caminhos para trazer para o real a possibilidade de um mundo mais igualitário entre homens e mulheres.
Desde o dia 1º de março, Vera está publicando os relatos gravados no Spotify. “Esta é uma forma de fortalecer as mulheres e trazer os homens à reflexão de seus privilégios e por fim às formas de violência”, disse.
Em breve, o ‘Mexeram com Todas’ ganhará uma nova fase, trazendo entrevistas com mulheres de diversos setores de enfretamento às violências, como juristas, advogadas, delegadas, profissionais de saúde, para orientações e apoio às mulheres vítimas.
Sergipe participou do 3º Encontro Nacional de Mulheres do SINASEFE com uma delegação de quase vinte mulheres, dentre elas, Fabiana Lobão, servidora do IFS Campus Aracaju, Margarida Rolemberg, aposentada do IFS e coordenadora de Administração e Finanças do Sinasefe Sergipe, e Ana Paula Leite, servidora do IFS Campus Lagarto, coordenadora geral do Sinasefe Sergipe – estas três participaram da oficina "A Escrita Terapêutica para Revelar e Combater a Violência de Gênero” no Encontro.
“Este projeto é muito importante porque traz histórias e experiências que acabam fortalecendo outras mulheres que, infelizmente, ainda vivem a opressão desse sistema machista, que trata a mulher como propriedade privada. Eu tenho 70 anos de idade e é uma pena ver que, apesar dos avanços, mulheres ainda são mortas só por serem mulheres”, disse Margarida Rolemberg, coordenadora de Administração e Finanças do Sinasefe Sergipe.
“A participação na oficina representou importante espaço de reflexão, combate e ressignificação individual e coletiva sobre uma temática desafiadora que é a violência de gênero. Através do debate e do exercício da escrita terapêutica, o grupo proporcionou momento ímpar de organização das reflexões e do substrato simbólico dos relatos, análise das situações, ressignificação das experiências e, assim, fortalecendo mecanismos de prevenção e combate à violência de gênero”, disse Fabiana.
“Os relatos compartilhados pelas mulheres das violências que infelizmente foram submetidas nos tocam, nos emocionam, nos levam a reflexões. A oficina da escrita terapêutica e a gravação dos relatos em podcast têm se constituído espaço de cura, acolhimento e fortalecimento para diversas mulheres. É de fundamental importância também que homens ouçam os relatos e tenham mais empatia, percebam práticas naturalizadas de machismo estrutural e misoginia que são violências às mulheres, e assim possam fortalecer a rede de combate a essas violências. O fim da violência contra as mulheres é uma busca árdua e diária e envolve todo e qualquer indivíduo da nossa sociedade. É uma luta coletiva”, comentou Ana Paula.
Confira o podcast ‘Mexeram com todas’ no Spotify